ALGO QUE NUNCA CHEGA
No crepúsculo do fim de tarde,
O sol aproxima-se do acaso
E a luz, já sem fulgor,
Lentamente se desvanece.
A noite aparece,
Com ela o mistério e a incerteza.
Quantas vezes, no silêncio da noite,
Alguém circula sem rumo certo,
Procurando um bem impossível,
Um “canto” onde possa repousar
O corpo “mal tratado”...
Encontrar
Um companheiro, um amigo,
Para desabafar as penas da solidão...
E, circulando, sem direcção,
O crepúsculo da manhã aproxima-se,
Semelhante ao da tarde;
A alvorada começa a despontar,
O sol surge no horizonte,
Estamos em pleno dia;
Novamente surge a noite.
A cena repete-se.
Os dias e as noites sucedem-se
E alguém espera algo... que nunca chega!...
DESILUSÃO!...
Eu queria ser algo com suporte,
Mas sou humilde rio, deslizando...
Por entre altas vertentes, vou rumando
Nas esp’rança de alcançar inda o meu norte!
Queria a liberdade de um Oceano,
E ser a magnitude, a Terra imensa,
Um sonho sublimado de presença
Num mundo transparente e mais humano!
E não a triste imagem conturbada
Que perdeu robustez, toda a harmonia,
E doces sortilégios de magia...
Agora vejo nada –igual a nada!
Porque sou linfa turva obstruída,
Quando queria ser a claridade
E ser na própria essência, na vontade
O Mar deste universo e a cor da Vida!
LÍNGUA... MATERNA
Minha língua materna é portuguesa
E é por excelência soberana;
Camões a enalteceu... lhe deu beleza
Ao escrever a heróica “Lusitana”!
E por ser valiosa e com rigor,
Sublimou a nobreza do seu povo
Que no mundo alcançou real valor...
Mas foi adulterada... e eu reprovo
A forma como está a ser tratada
Sofrendo de “pobreza”... e quem se importa?!
A língua que era rica, bem falada,
Anda agora a pedir de porta em porta!
O idioma firme, em meu país,
Ref’renciava o estilo e argumento
E o gosto p’la leitura era a matriz,
Em obras de escritores... com talento:
Guerra Junqueiro, Eça de Queirós;
Garrett e Herculano... e na memória
João de Deus, que dera a meus avós
A luz da “aprendizagem obrigatória”...
Araujo Correia e o Pessoa
Fizeram da palavra algo divino!...
Por isso, em meu ouvido ainda soa
A língua que aprendi em pequenino!
O MEU RITUAL
Eu sou humilde rio, descuidado,
Trilhando por vertentes de euforia;
E envolve o meu caudal tão delicado
A esp’rança de encontrar paz e alegria!
Meu vigor para o mar vai ser lançado
A fluir os murmúrios da harmonia
E sorrindo ao porvir que é desejado,
Emerjo nas enchentes... dia a dia!
Faço do meu destino um ritual
Correndo com a força natural
Na plena transparência, da minh’alma!
Por ser a minha essência a própria vida,
Sou água firme, activa na subida,
Descendo p’la corrente que me acalma!
OH TEJO, MEU RIO FAMOSO! ...
“OLHA, O TEJO VAI TÃO TRISTE”,
Por já não ser o que era
Pois, agora, nele existe
Um mal que o desespera
“A CORRER TÃO VAGAROSO”
Não tem pressa de chegar
Ao ponto mais arenoso
E a vida não encontrar.
“OLHA, O TEJO VAI TÃO TRISTE”,
Vai carregado de mágoa,
Porque o mal, ali, persiste,
Poluindo a sua água.
“A CORRER TÃO VAGAROSO”
Por não ser aquele rio,
Imponente e poderoso
E que, outrora, ali sorriu.
“OLHA, O TEJO VAI TÃO TRISTE”,
E também suas gaivotas;
Algo cruel não desiste...
No escuro das horas mortas!
“A CORRER TÃO VAGAROSO”
Murmuras já, sem alento
Como eu, audacioso
- Chora, agora, o sofrimento.
“OLHA, O TEJO VAI TÃO TRISTE”,
Coberto de chicotadas
A vida ali não resiste
Nas águas tão perturbadas.
“A CORRER TÃO VAGAROSO”
E o coração destroçado,
Oh Tejo, meu rio famoso
Que tormentas tem passado!...
Maria Romana da Costa Lopes Rosa, natural de Tavira, residente em Faro, Portugal. Membro de várias Associações, algumas como sócia fundadora – Academia Antero Nobre; Ajea (Associação de jornalistas e escritores do Algarve) ; Clube da Simpatia; Associação dos Antigos Alunos da Escola Secundária Tomás Cabreira e Elos Clube de Faro; Sociedade Portuguesa de Autores; Direcção dos Espectáculos de Lisboa, Concorre a Concursos Literários… tendo sido distinguida em prosa e verso – crónico, conto e soneto… Grande apreciadora, entusiasta e divulgadora de novos poetas brasileiros na Europa.
No crepúsculo do fim de tarde,
O sol aproxima-se do acaso
E a luz, já sem fulgor,
Lentamente se desvanece.
A noite aparece,
Com ela o mistério e a incerteza.
Quantas vezes, no silêncio da noite,
Alguém circula sem rumo certo,
Procurando um bem impossível,
Um “canto” onde possa repousar
O corpo “mal tratado”...
Encontrar
Um companheiro, um amigo,
Para desabafar as penas da solidão...
E, circulando, sem direcção,
O crepúsculo da manhã aproxima-se,
Semelhante ao da tarde;
A alvorada começa a despontar,
O sol surge no horizonte,
Estamos em pleno dia;
Novamente surge a noite.
A cena repete-se.
Os dias e as noites sucedem-se
E alguém espera algo... que nunca chega!...
DESILUSÃO!...
Eu queria ser algo com suporte,
Mas sou humilde rio, deslizando...
Por entre altas vertentes, vou rumando
Nas esp’rança de alcançar inda o meu norte!
Queria a liberdade de um Oceano,
E ser a magnitude, a Terra imensa,
Um sonho sublimado de presença
Num mundo transparente e mais humano!
E não a triste imagem conturbada
Que perdeu robustez, toda a harmonia,
E doces sortilégios de magia...
Agora vejo nada –igual a nada!
Porque sou linfa turva obstruída,
Quando queria ser a claridade
E ser na própria essência, na vontade
O Mar deste universo e a cor da Vida!
LÍNGUA... MATERNA
Minha língua materna é portuguesa
E é por excelência soberana;
Camões a enalteceu... lhe deu beleza
Ao escrever a heróica “Lusitana”!
E por ser valiosa e com rigor,
Sublimou a nobreza do seu povo
Que no mundo alcançou real valor...
Mas foi adulterada... e eu reprovo
A forma como está a ser tratada
Sofrendo de “pobreza”... e quem se importa?!
A língua que era rica, bem falada,
Anda agora a pedir de porta em porta!
O idioma firme, em meu país,
Ref’renciava o estilo e argumento
E o gosto p’la leitura era a matriz,
Em obras de escritores... com talento:
Guerra Junqueiro, Eça de Queirós;
Garrett e Herculano... e na memória
João de Deus, que dera a meus avós
A luz da “aprendizagem obrigatória”...
Araujo Correia e o Pessoa
Fizeram da palavra algo divino!...
Por isso, em meu ouvido ainda soa
A língua que aprendi em pequenino!
O MEU RITUAL
Eu sou humilde rio, descuidado,
Trilhando por vertentes de euforia;
E envolve o meu caudal tão delicado
A esp’rança de encontrar paz e alegria!
Meu vigor para o mar vai ser lançado
A fluir os murmúrios da harmonia
E sorrindo ao porvir que é desejado,
Emerjo nas enchentes... dia a dia!
Faço do meu destino um ritual
Correndo com a força natural
Na plena transparência, da minh’alma!
Por ser a minha essência a própria vida,
Sou água firme, activa na subida,
Descendo p’la corrente que me acalma!
OH TEJO, MEU RIO FAMOSO! ...
“OLHA, O TEJO VAI TÃO TRISTE”,
Por já não ser o que era
Pois, agora, nele existe
Um mal que o desespera
“A CORRER TÃO VAGAROSO”
Não tem pressa de chegar
Ao ponto mais arenoso
E a vida não encontrar.
“OLHA, O TEJO VAI TÃO TRISTE”,
Vai carregado de mágoa,
Porque o mal, ali, persiste,
Poluindo a sua água.
“A CORRER TÃO VAGAROSO”
Por não ser aquele rio,
Imponente e poderoso
E que, outrora, ali sorriu.
“OLHA, O TEJO VAI TÃO TRISTE”,
E também suas gaivotas;
Algo cruel não desiste...
No escuro das horas mortas!
“A CORRER TÃO VAGAROSO”
Murmuras já, sem alento
Como eu, audacioso
- Chora, agora, o sofrimento.
“OLHA, O TEJO VAI TÃO TRISTE”,
Coberto de chicotadas
A vida ali não resiste
Nas águas tão perturbadas.
“A CORRER TÃO VAGAROSO”
E o coração destroçado,
Oh Tejo, meu rio famoso
Que tormentas tem passado!...
Maria Romana da Costa Lopes Rosa, natural de Tavira, residente em Faro, Portugal. Membro de várias Associações, algumas como sócia fundadora – Academia Antero Nobre; Ajea (Associação de jornalistas e escritores do Algarve) ; Clube da Simpatia; Associação dos Antigos Alunos da Escola Secundária Tomás Cabreira e Elos Clube de Faro; Sociedade Portuguesa de Autores; Direcção dos Espectáculos de Lisboa, Concorre a Concursos Literários… tendo sido distinguida em prosa e verso – crónico, conto e soneto… Grande apreciadora, entusiasta e divulgadora de novos poetas brasileiros na Europa.
Que maravilha esses encontros através de blogs. Parece que estamos em contato com várias pessoas em sincronicidade de almas.
ResponderEliminarFoi um presente do Benilson ler as suas poesias.
Maria, me encantei com a sua poesia "0 meu Ritual".
Veja em meu blog algumas de minhas poesias e gostaria que você escolhesse um fado bem bonito e que o deixasse no seu blog para que nós os poetas além-mar pudéssemos ter a cor e o sabor das imagens de seu belo país.
Um abraço afetuoso e poético,
Eliana Wissmann Alyanak.
http://poesiadeelianawissmannalyanak.blogspot.com