quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

MÁH LUPORINI



LEMBRANÇAS PERDIDAS

Deito em um campo verde
Observo as horas mortas da noite
Mergulho em meus pensamentos
que como a onda do mar
trazem lembranças perdidas
que guardo numa gaveta
trancada a sete chaves.
Desperto com o toque suave
da brisa,
Hoje, vivo na incerteza da vida
como uma folha seca que o vento carrega.


PENSAMENTO

Vivo como o vento,
Não sinto meu pensar.
A poesia é meu ópio na melancolia
de rendas noturnas.
Versos rebentem
no meu jardim sombrio.



CONFISSÕES I

Tenho passado por situações em minha vida
que não sei como explicar,
dúvidas existenciais.

Começo aqui com um verso do meu guru
Fernando Pessoa que dá voz á Bernardo Soares
no Livro do Desassossego que diz:
" De repente, estou só no mundo"

É assim que tenho me sentindo ultimamente.

Seres humanos são complexos,
horas querem, horas não,
mudam constantemente de opinião.

Não consigo me encaixar dentro de tudo isso.
Não sou normal, também sou muito complexa
em relação a vida, amores, etc.

Se nós jogamos para a vida,
o tombo é dolorido e se ficamos
neutros em relação a ela, sentimo-nos sós.
E então, o que fazer? Não sei como reagir.

Fantasmas me surgem cotidianamente,
sombras inquietas me surgem no silêncio adormecido.
Se durmo, elas me assombram,
se acordo a claridade,
as pessoas me assombram.

Queria ter asas para voar
como uma borboleta sem destino
ou um pássaro que não tem certo o seu pouso,
me fariam feliz.

Veria o mundo do alto das campinas,
teria o silêncio e o azul vago sobre mim.
E no fim teria um descanso,
como as flores do meu jardim.


À memória de
Ana C. Cesar

Folha branca
espera a queda
de tua ausência

* * *

Letras marcham no pálido quarto
bebo-as em versos
crio asas e regresso ao blecaute do meu corpo


Á memória
de Roberto Piva

Furacão
que silenciou
as asas do tempo


SOLIDÃO II

Encontrei-me
Recortando a solidão
Nas horas que me vestem

Armazeno tua nudez
entre cálices e bilhetes

* * *

O tempo é um suicídio
de palavras, onde me
E q U i L i B r O



INSÔNIA

Rendas mudas

tricotam

a noite


Os três últimos poemas são do próximo livro de poesias da poeta Máh Luporini, para ser lançado em 2012. Ainda sem título definido.


Poeta e jornalista do jornal cultural “O GRITO”, iniciou seu trabalho literário em 2009 no Espaço Cultural Chico Triste, da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, de São José dos Campos onde integrou o “ESPAÇOPOEMA” com suas poesias. Em 2010, teve seu livro de estréia “Ausências” (poemas- Ed. da Autora) lançado na 3º Edição do Festival Literário “Diálogos na Literatura” integrando o espaço “Cassiano Ricardo” no distrito de São Francisco Xavier, SP. Tem poemas publicados em vários blogs e sites de literatura na internet. Teve participação do DVD “Vozes Daqui” durante a 43º Semana Cassiano Ricardo em 2009; Menção Especial no VIII Concurso de Poesia “Poetas do Vale” realizado na cidade de Taubaté, SP; Participação na 44º Semana Cassiano Ricardo no evento “Todas as Letras de São José” em 2010; Participou da 21º Bienal Internacional do Livro de São Paulo onde teve alguns de seus poemas no livro “Cronistas, Contistas e Poetas Contemporâneos” (Série Safira) do Projeto Literário Delicatta com a participação de outros escritores. Participou do projeto “Ciranda de Poesia” organizada pelo Ponto de Cultura Bola de Meia, em julho de 2011. Reside na cidade de Monteiro Lobato, SP. Natural de São José dos Campos. Colunista do site “ENTREMENTES”; http://entrementes.com.br

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

LEANDRO MONTEIRO DE OLIVEIRA


UM VASO

UM VASO,
UM CACO,
UM FURO,
AI QUE DOR!

TROVA AGNÓSTICA

O meu céu só tem estrelas,
Planetas, sol... Nesse cosmo
De infindável Existência,
Cuja verdade é os olhos.

TÍTULO

Pode ser curto
Ou um pouco mais longo.
Não é poesia, conto, romance, artigo de jornal ou qualquer texto...
Já que tem apenas uma linha.
Ele está na essência
(que, agora, está no papel)
Do cosmo, do mundo ao qual pertence:
Fatos, coisas, seres, gentes, conceitos...
Podendo ser tudo.
Assim, ele é o início de tudo,
O primo-verbo,
O verbo-nominativo
Que originou a existência
De um ser que antes não sabia que vivia.
E que, agora, vive.

O UNIVERSO II

Uma árvore morre,
Outra nasce. Deus consagra
A vida, a morte.

PROFECIAS

São como jarros de barro,
Debaixo de torneiras
A pingarem
Em dias ensolarados:

Por mais que o sol
Venha a evaporarem
As gotas d’água,
Cedo ou tarde,
Os jarros as transbordarão.

FESTA SOTURNA

As noites vêm
As horas passam
As rodas cantam
As balas dançam
Todos os dias
Todas as noites
Neste Brasil...

As noites ouvem
As horas passam
As rodas cantam
As balas dançam
Em tênues pistas
Cinzas, bucólicas
E citadinas...

Onde os valentes
Refutam carros
De quem oferta
Contudo, mudam
Os que interessam
(Muito para eles)
Nesta soturna
Festa noturna...

Onde o silêncio
É a casa, abrigo
Pra violência
Som estridente
De cujos gritos
São magnas músicas
Das ações sujas...


XIII (DE ALQUIMIA DO NONSENSE)

Vassoura varre as estrelas
Aspirador suga as massas negras
Eu agora sento sobre a mesa rasa
Comendo o tempo
Que me alimenta
E me mata


Nasceu em Taubaté em 07 de novembro de 1983. Formado em Letras. Sua poesia aborda diversos assuntos como o amor, a religião, a política, a sociedade e a própria arte poética. Escritor com destacada participação no movimento literário taubateano contemporâneo. Contato: leandremon@bol.com.br