sexta-feira, 10 de setembro de 2010

VALDIR ALVARENGA


POEMA PARA IRENE

Meu mar
Meu céu
Minha montanha...
Dádiva dos deuses
A mim concedida
Para amar-te
e
Ser a sombra
Q te acompanha

***


Meu amor é vingança

É dança que envolve

Revólver que não atira

Mentira que brilha

É brilho sem luz.

A vingança é meu amor

Avança como onda

última do mar

Meu amor é vingança

Um amor sem amar.


***

AUSÊNCIA


Teu rosto que não vejo

é a morte de meu desejo
Tua face que não miro
é o abismo em que me atiro
Tua voz que não escuto
é em meu coração um luto
Tua presença que se desvanece
é uma inútil prece.



DO TERCEIRO ANDAR
( na rua Visconde de Faria )


... espio a rua
e ninguém passa...
(é só neblina, é só fumaça)
Colho
o brilho frio da lua
e me recolho.
Dentro de mim
fecho a vidraça.


IMAGEM ALGUMA


Perdido na mais ausente distância

Espelhoque não reflete imagem alguma

Alga marinha no meio do oceano

Oculto embora pressentido

Vento sem canto, mudo,

Eu estrela pálida e fria

Colho o vazio

Do nada que plantei.

Destino ou sina?

Nunca saberei...

Cansado estou

da viagem

que não viajei.


SEM MISTÉRIO


lá onde os vivos não falam
e o medo anda só
todas as sombras se igualam
a vida se desfaz em pó.
ossos ajuntados
sem memória , sem testemunho
gargantas ganham um nó
que custará a desatar.
lá onde a vida se fecha
sem mais nenhuma cerimônia
sem mistério
sem dó.


QUEBRANTO


Olho seca-telha,

seca-pimenteira,

olho gordo,

olho grande,

olho grosso,

olho mata-pinto,

olho ruim,

mau olhado,

traz feitiço ,

faz fascínio"

Benza-os Deus,

olhos não são maus

"Colhida a fruta,

a árvore apodrece

guiné dá alarme,

aguça o cheiro,

Contra ti

haja oração ,

patuá, amuleto,

talismã, escapulário,

carântula,meia -luafiga...

Isola !

Pé de pato, mangalô três vezes

"Não te receio! Tenho jesus cristinho

no coração"

Valdir Alvarenga
Poeta santista, autor de três livros: Plenilúnio, Pequeno Marginal e Autógrafo. Co-editor da revista literária Mirante além de animador cultural

1 comentário:

  1. Benilson, vi aqui beber em sua fonte! E tomei a liberdade de transcrever esse poema em meu blog. Desculpe-me pelo atrevimento... rsrs, e comunique ao autor, por favor.
    Um grande abraço e tenha um ótimo fim de semana.

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