A PROFECIA
E nossos filhos
Viverão,
Neste mundo
De intempéries
E de tragédias
Na violência
Dos estames
E dos ovários,
Na esperança
Que a dinâmica
Vença a inércia
Dos que mandam,
Nestes dias
Sem flores
E sem carícias.
OS JANGADEIROS DO
NORDESTE – CEARÁ (1983)
(Da praia de
Iracema para o mar bravio)
Dentro do mar desaparecem
Nas vagas bravias do Nordeste.
A lua cheia sempre está no céu
Em clarões tão límpidos
Gravando o canto das sereias.
A brisa do mar é sibilante
Nas dunas alvas que passeiam.
Eles banham a vida
na luta
Diária do alto mar Atlântico,
Nas ondas que desafiam
Entre noites e cardumes
Nas redes de estrelas.
A solidão, permanece neles
No ranger das vagas na deriva
Que o continente forma...
Longe da terra, se voltam, ignoram!
Mas os seus filhos,
Rotos ali padecem aguardando
Este regresso,
Noites inteiras nas areias.
A MÃE
Quando
O casebre dorme,
Ela pode olhar
Dormindo,
Todos os filhos...
Todos dormem
No mesmo leito!
Ela então percebe,
Na noite que vagueia,
Fria,
A rudeza do instante.
Vê-se neste
Mundo sem futuro!
E pensa,
E repensa,
Entre lágrimas,
Neste amanhã de melhoria,
Que não chega nunca!
O CAMPO
E o rio se alonga
No matagal rasteiro
E verdejante,
Onde o passaral entoa
Cânticos,
E o sol que se destaca
Ilumina a esperança.
Ali, a terra é grande,
E o caboclo carpe
Lentamente o campo.
A SOLIDÃO
Na madrugada,
O céu tão límpido,
Pálida lua
Passeia no firmamento.
São horas vagas,
E dentro de mim
Campeia este silêncio.
A noite é eterna
Fulguração dos namorados,
Como aquele vulto
De mulher bonita
Que não me deixa dormir.
Os olhos retornam
A caminhada da noite,
Enquanto a solidão
Geme dentro de mim.
CAMPOS DO JORDÃO
(pela madrugada silenciosa)
(pela madrugada silenciosa)
Dorme,
Minha cidade serrana
Neste céu de estrelas
Fulgurantes.
Dorme,
Deixa-me ouvir distante
O latido febril
Dos cães vadios das estradas.
Dorme,
Minha cidade serrana,
No silêncio das cordilheiras,
Nos braços dos pinheirais.
OS CRAVOS
Cravos vermelhos
Que de portugal jogam
As moças,
Já perfumaram o mundo!
Cravos vermelhos,
Cheias as jarras,
Que os líbios cantam.
Este sol que nasce
Na primavera social
Doss tempos.
A NOITE
A noite,
Se tem mistérios,
É dessas estrelas
Que pintam os céus...
É dos corações
Que se amam
E se recordam
E se perpetuam
Na saudade.
A noite,
Se tem mistérios,
É dos velhos segredos,
É de todos os beijos,
Que se esgotam
Nas bocas e nas mãos
Que se afagam.
O TRABALHO
No lápis,
Tenho a minha
Enxada,
Nestes momentos
Comuns
De poesia
E de trabalho.
O POVO
O povo
É este que
Ama,
Que odeia,
Que esquece.
DANÇA
E me chamaram para
Ver a dança...
O povo que invade a praça.
Que ri, que canta, que dança!
É o amanhã que esperam,
Manhã que não tarda
Depois da noite de estrelas!
Maynard Góes, advogado, jornalista, escritor e professor,
é baiano de Salvador, radicado em Campos do Jordão desde 1964. Aqui foi
vereados (presidente da Câmara Municipal) e Presidente da Academia de Letras.
Os poemas acima fazem parte do livro “A Terra de Nossos Filhos”, de 1985.
Benilson, meu caro, mais uma vez, estou recorrendo aos seus poetas para enfeitar o "meu cantinho". Estou reproduzindo, hoje, no meu blog o poema do Maynard Góes, "A Profecia". Obrigado, pela ajuda e receba um forte abraço.
ResponderEliminarAchei muito bom, gostaria de ler o livro.
ResponderEliminarGostaria de adquirir o livro de poesias de Maynard Góes. Onde posso encontrá-lo?
ResponderEliminarAtt
Maria da Penha