
PRIMAVERA
É primavera.
Deixo o barco do silêncio.
Uma rosa se abre no meu peito.
Meu pássaro volta a cantar.
Saboreio em êxtase
o novo gosto da vida.
O SILÊNCIO
No rio inquieto
o murmúrio das águas
onde te espelhas.
Não te reconheces.
Teu sangue
ainda flui nas águas.
Existes.
Como se já não fosses
ou fosses outro.
Pouco importa.
Basta o silêncio
das pedras no caminho.
O AÇUDE DA MEMÓRIA
O ovo do pássaro fecunda o tempo.
Mergulho fundo no açude da memória.
Vôo da infância à maturidade.
aabro os olhos para o que sou
e o instante em que dormirei
como dorme o crepúsculo.
CAVALGADA
Faço um cavalo
de vento e vertigem.
Vagamos pela noite,
subimos juntos a montanha.
Ele,
cheirando o silêncio,
pastando os sonhos entre as pedras.
Eu,
bebendo a vida,
fartando-me de estrelas.
OS ANJOS
É inútil matar os anjos.
Onde jogar as asas?
Onde enterrar os corpos?
Anjos não têm asas.
Anjos não têm corpos.
Os anjos são eternos.
Cada vez mais fortes,
após cada morte,
renascem dentro de nós.
ALENTO
Os mortos não estão mortos.
Os mortos não estão sob a terra.
Estão na árvore que treme.
Estão na chuva que cai.
Estão na água que corre.
Estão na casa, estão entre nós.
Os que morreram jamais partiram.
É primavera.
Deixo o barco do silêncio.
Uma rosa se abre no meu peito.
Meu pássaro volta a cantar.
Saboreio em êxtase
o novo gosto da vida.
O SILÊNCIO
No rio inquieto
o murmúrio das águas
onde te espelhas.
Não te reconheces.
Teu sangue
ainda flui nas águas.
Existes.
Como se já não fosses
ou fosses outro.
Pouco importa.
Basta o silêncio
das pedras no caminho.
O AÇUDE DA MEMÓRIA
O ovo do pássaro fecunda o tempo.
Mergulho fundo no açude da memória.
Vôo da infância à maturidade.
aabro os olhos para o que sou
e o instante em que dormirei
como dorme o crepúsculo.
CAVALGADA
Faço um cavalo
de vento e vertigem.
Vagamos pela noite,
subimos juntos a montanha.
Ele,
cheirando o silêncio,
pastando os sonhos entre as pedras.
Eu,
bebendo a vida,
fartando-me de estrelas.
OS ANJOS
É inútil matar os anjos.
Onde jogar as asas?
Onde enterrar os corpos?
Anjos não têm asas.
Anjos não têm corpos.
Os anjos são eternos.
Cada vez mais fortes,
após cada morte,
renascem dentro de nós.
ALENTO
Os mortos não estão mortos.
Os mortos não estão sob a terra.
Estão na árvore que treme.
Estão na chuva que cai.
Estão na água que corre.
Estão na casa, estão entre nós.
Os que morreram jamais partiram.
Sônia Brandão, de Bauru, é autora de "Prenúncio". Seu Blog (http://passaroimpossivel.blogspot.com) é dos mais belos existentes, atualmente, no que diz respeito a Poesia. Entre outras distinções, Sônia foi premiada duas vezes no Mapa Cultural Paulista (2003/2004 e 2007/2008).