sexta-feira, 15 de julho de 2011

KARINA ALDRIGHIS



FIM DE NOITE:
A lua adoece,
O tempo esfriou,
O dia anoitece,
O Sol descansou.

As nuvens recobrem
A abobada celeste
As estrelas cobertas
Quase desaparecem.

Vento brando,
Porém gelado,
Frio de inverno
Calor afastado.

Noite escura,
Sem Lua, sem luz
Tempo fechado,
Que não me seduz.

Noites românticas,
Ah! Que saudades!
Noites quentes, na
Calada da madrugada.

Agora é assim,
Sem luz, sem paixão.
Tempos que foram,
Agora, desilusão.


FOLHAS AO VENTO...
O vento vai passando,
E a todos tocando
E assim conseguindo levar
Pedaços de uma vida...

Eta vento pirilampo!
Que quando foi passando
Conseguiu arrancar aquela folha
Que lutava por mais um dia!

Já meio amarelada
No meio daquele galho seco
Tentava reunir forças
Da pouca seiva que a nutria.

E em meio a rajadas de vento
No bailar do movimento
Sentiu quando a água a abraçou
Na poça que a acolhia.

Assim viveu mais um dia
E pôde compartilhar da alegria
De sentir o pousar de outras folhas
Naquelas águas cristalinas.

Assim não se sentiu mais sozinha
Podendo gozar da companhia
De outras folhas arrancadas
Pelas forças do vento...


PERSPECTIVA DE VIDA (MUSICALIDADE)
No mundo subterrâneo
Da minha consciência
Relembro os meus sonhos.
Penso.

São sonhos da infância
Sonhos da adolescência
Sonhos que há tempos sonho.
Vejo.

Será que os realizarei?
Será que os concluirei?
Ou nunca passarão de sonhos?
Sinto.

Vontade de ser feliz,
Vontade de conseguir
Realizar o meu grande
Sonho.


POEMA ENGASGADO
As palavras não saem
A rima não combina
Pensamentos se mesclam
A frase não termina.

Confusão mental
Poema inacabado
As idéias não fluem
Momento inadequado.

Tudo cai no vazio
Sem cerne, sem sustância
Amnésia criativa
Sem gomo, sem concordância.

Em meio ao pesadelo
O papel fica sem vida
Engasgado está o poema
Sem data definida.


POESIAS
A poesia é o grito
De liberdade do poeta.
É através dela que ele se exprime
É através dela que ele se liberta.

É na poesia que o poeta
Faz suas confissões, conta seus segredos:
Seus sonhos; suas ilusões,
Os seus mais íntimos desejos.

E é através das poesias
Que o mundo consegue ter acesso
A um mundo cheio de fantasias
À imaginação de um poeta.

É nessas pequenas estrofes,
Nessas combinações de palavras,
Nessas frases, nessas rimas,
Em que a poesia está formada.

São nessas belas frases
Em que o poeta se expressa
Que o mundo se emociona e descobre
O secreto mundo em que vive o poeta.


POESIAS, PRA QUE SERVEM?
Poesias, pra que servem?
Para se ler, para entreter
Para emocionar, para mexer
E comover o seu coração...

Poesias, para que servem?
Para se ler e escrever
Para sonhar e despertar
Incentivar sua imaginação...

Poesias, para que servem?
Para tocar e para marcar
Para se abrir e desabafar
Para despertar uma emoção?

Poesias, para que servem?
Para iludir e magoar
Para fantasiar e enganar
Fazer de bobo o cidadão?!

Poesias, para que servem?
Para rimar e enriquecer
Para detalhar e demonstrar
O quanto é bela a reflexão.


Cirurgiã-dentista por opção, poeta por vocação, assim se define Karina Aldrighis. Formada em Odontologia pela Universidade de Taubaté (Unitau) e pós-graduada em Saúde da Família também pela Universidade de Taubaté (Unitau), Karina P. Issamoto nasceu em Taubaté-SP e começou a escrever poesias aos 12 (doze) anos de idade. Quando estudante, ao ler poemas de Cecília Meireles apaixonou-se pela poesia, e decidiu dedicar-se a ela.
Escreve poesias, contos, crônicas e participa de Antologias, Revistas Literárias e Concursos de Poesia, da qual teve alguns poemas premiados. Administra os blogs Caderno de Poesias e Ninho de Borboletas e divulga seus escritos pelo site pessoal www.karinaaldrighis.com e outros sites literários na internet. Em 2011, lança seu primeiro livro de poesias, Ninho de Borboletas, com 30 (trinta) poemas infantis, pela Paco Editorial.

domingo, 3 de julho de 2011

YAYÁ PORTUGAL




CONJUGAÇÃO À PARTE
Separa na dor, a razão;
Repara teu ser, emoção;
Esquece o destino, prossegue
Qual água da chuva que vai.

Sê forte, atura a missão
Que a terra pertence o teu chão.
Plantar com fervor enobrece.
Almeja o fruto, que és pai.

Prepara a semente, menção
Do sol reluzente à ação;
Fortalece, não esmorece,
Da graça da lida te faz.

Pondera à vontade a visão
Cruel do teu mundo, obsessão
À parte de ti. Apetece,
Da sorte o teu feito te sai.


LATINO - O ELO ENCONTRADO
Precisava de um guerreiro
Bem disposto. Planejava
Com Lavínia no terreiro
Um destino que almejava:
Conquistar o mundo inteiro.

Vem Eneas aventureiro
Precisando de uma clava,
Um apoio uno e derradeiro,
Porque a Grécia não deixava
Terminar o seu tinteiro.

Muitas lutas no seu meio,
Sofrimento que alijava
A subir um mar inteiro
E encontrar a sua tábua,
O seu remo, o seu roteiro.

Com Lavínia, tudo feito;
A donzela que aceitava
O papel casamenteiro,
A mulher que se enfeitava
Num contexto bem brejeiro.

D’uma união nasceu um herdeiro
O seu nome, Iulo, visava
Um futuro alvissareiro;
Alba Longa planejada,
De um eterno sobranceiro.


CALMARIA
Noite calma, calmo o vento;
Dorme o mar imorredouro,
Vela o sono o firmamento.

Some a nuvem com o vento,
Desce a terra sem estouro;
Gira a vaga e o cata-vento.

Cada feito tem seu tempo
Cada flor, o seu tesouro.


DESCRENÇA
Perdi o eclipse lunar,
Não vi a lua encoberta;
A cheia atrai o meu sonhar.

Fechei a tela e o solar,
Liguei o som que desperta,
Livrei o sol de um azar.

Não creio em bruxa a avisar,
Não creio em sorte de estrela;
Não saí desse lugar.


IRONIA

Jegue pacato, fiel e distinto,
Segue o seu arreio na lida avaliada
De aço puxado ao passo seguido;
Sina de ensino à pelo no instinto.

Manso cordeiro de alma vestido
Segue o pastor em busca da malha
Fresca ao calor do sol estendido;
Despe-se e veste um pobre sofrido.

Pombo-correio, o carteiro auferido,
O anjo esquecido ao céu se dispara
Na ânsia da entrega ao tempo pedido;
Cumpre o papel na data marcada.

Bicho fez-se homem, barro fundido,
Osso e costela, sobra da escala
De ânimo próprio, de único tino.
Sonho de luz, que esparja a palavra!


GRAÇA

A prática sugere o caminho
Da lavra, ser que segue a montanha
Perdido num aviso vazio
De setas na pegada tamanha.

Resvala numa ponte de alinho
Por sorte inesperada à façanha,
No modo desejado ao divino
Pinçado, um escolhido na manha.

A ação imune ilumina esse tíbio
De ideias desarrumadas à lama,
Descaso na dureza do sino
Batido e calejado na tampa.

A ponte se partiu num arrimo
E o que era não foi mais a montanha,
Foi arcada e proteção, no carinho
Do abraço, a salvação dessa apanha.


INGENUIDADE
O moço do amendoim
Avisa que a fornada
Está chegando ao fim
Aos ares da animada.

A malta foi mesclada
Nas voltas do carmim,
De versos encantada,
Que iludem a ti e a mim.

Passou suave esse ínterim
E foi-se o trem na esteada;
Na turba do alecrim
Não sobra um na passada.

Os fogos de festim
Enfeitam a encerrada
De luzes ao jardim
Na chuva iluminada.


MATANDO A SAUDADE

Os velhos nas praças,
Nos bancos sentados,
Relembram pirraças.
Cavalos montados,
Correios e vidraças
Dos passeios passados.

Precisam das praças,
Dos jovens e dos dados.
Notícias e graças
De vida, contados
Por outros comparsas,
Iguais e abraçados.

Respiram desse ar;
Ao céu enamorados
E, cuidam das garças
Que passam aos lados.
Nos céus engendrados,
Divertem-se amados.

E voltam às casas
Alegres, cansados.
Felizes quais traças
De livros guardados
No fundo das caixas;
Papéis decorados.


Paranaense de Curitiba, poeta, contista e cronista com participação em Antologias. Veicula o Blog www.arteseescritas.blogspot.com . Contato: yaya.curitiba@terra.com.br.